Sob o império do medo e conveniências diversas a
desonestidade em todas as suas formas
Nesse início de 2015 vemos, ouvimos, sentimos e pagamos um
estilo de governo maldito que se caracteriza, acima de tudo, pela desonestidade
intelectual, leniência e conveniências explícitas e ocultas. Agora, por
exemplo, tudo acontece ao contrário do que nossas autoridades afirmavam em
campanha eleitoral e continuam dizendo para não perderem seus amados e
disputados cargos, apesar de todas as evidências.
Talvez a Engenharia nos ensine a ser matemáticos, tão
precisos quanto possível. Isso é totalmente contra a preguiça mental, a
ignorância, a leniência e a covardia. Nosso povo pareceria estar doente não
fossem as manifestações de junho de 2013. Nossos profissionais seriam
diferentes?
O apagão de 19 de janeiro de 2015 mostra aos poucos sua
dimensão e cria entrevistas e manifestações de profissionais que faziam falta
na grande mídia. Finalmente algumas verdades aparecem em emissoras e programas
de grande audiência sem o ranço do engajamento político.
Se a falta de energia assusta, algo que têm soluções
encaminhadas e pode ser atribuído a contradições de nossa legislação, outras
atividades, muitos produtos e alguns sistemas escancaram a falta de respeito ao
povo brasileiro.
É, por exemplo, simplesmente inadmissível ver nossas algumas
grandes metrópoles sem água potável (apesar de muita água suja atravessando as
cidades (1) ), ficando imersas em
enchentes localizadas, riscos de epidemias, falta de hospitais e postos de
saúde, urbanismo medieval, ausência de uma política severa de habitação
popular, classe média e rica, insegurança etc.
Enquanto a tão decantada China se reergue de séculos de
conflitos com demonstrações soberbas de competência e os EUA anunciam a luz ao
final de um túnel que construíram sem projeto, nós e muitos países europeus,
por exemplo, patinamos em crises e teorias mórbidas e demagogia caríssima.
Vivemos no Brasil, assim é aqui que devemos focar
prioritariamente nossas atenções. O que está acontecendo?
Os políticos, mais do que ninguém, conhecem estratégias para
conquistar votos, isso prejudica demais suas manifestações. E as entidades de
classe? ONGs e grupos de pessoas que se dizem patriotas, estão de férias os
seus dirigentes?
Seria o momento para seminários emergenciais, entrevistas e
artigos técnicos dos mais experientes, por quê silenciam? O Ilumina (2) é uma exceção?
Tudo indica que estamos no meio de um furacão assustador e a
solução não é simplesmente apelar para soluções totalitárias, querer as
polícias políticas de volta [ (3) , (4) , (5) etc.] e cultuar a
violência, o primeiro passo para os estados totalitários (os livros de Hannah
Arendt são fantásticos nesse assunto).
O medo de um retrocesso político deveria estimular
contribuições que agora podem ser feitas até em mesa de bar em qualquer lugar,
afinal temos o YouTube (6) para quem detesta
escrever e as redes sociais para difusão de propostas e opiniões. Basta fazer
um selfie (7) usando sua
maquininha como filmadora e não ultrapassar as fronteiras do razoável e
impessoal, depois é só fazer o upload e colocar a vontade de dizer verdades no
YouTube e redes sociais.
Estamos carentes de lideranças técnicas não engajadas e não oportunistas.
A simples e pura Engenharia ensina muito e dá condições aos bons profissionais
para simples aulas didáticas, uma pequena contribuição num país em que a
maioria dos veteranos aprendeu suas bases em escolas públicas e uma tremenda
oportunidade para aqueles que falam raivosamente de patriotismo.
Será que muitos esqueceram o que significa ditadura e o
perigo de se ver em meio inadequado de conversas? Não receiam descobrir filhos,
filhas e amigos em listas desaparecidos? Um romance imperdível “Conversa no
Catedral” de Mário Vargas Llosa (8) para quem deseja
saber o que aconteceu no Peru, por exemplo.
Pior ainda, a honestidade que se atribuem é real? A
desonestidade intelectual é um tremendo câncer, uma endemia nesse país em que
muita gente faz questão de ser simpática.
Os norte-americanos podem ter muitos defeitos, mas a
contribuição tecnológica que deram à Humanidade nessas últimas décadas na área
das telecomunicações é de valor inestimável. Que maravilha!
Precisamos usar exaustivamente a internet e redes sociais
para explicar e entender o que está acontecendo no Brasil, antes que a censura
volte.
Cascaes
22.1.2015
1. VALLONE,
GIULIANA, Newsha Ajami. SP deve mirar curto prazo na luta contra crise
da água, diz pesquisadora. uol notícias. [Online] 18 de 1 de 2015.
entrevista com a pesquisadora da Universidade de Stanford, na Califórnia,
Newsha Ajami. http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/folha-online/cotidiano/2015/01/19/sp-deve-mirar-curto-prazo-na-luta-contra-crise-da-agua-diz-pesquisadora.htm?mobile.
2. ILUMINA - Instituto de Desenvolvimento
Estratégico do Setor Energético. [Online] http://ilumina.org.br/.
3. Carvalho, José Murilo de. Chumbo Grosso. Revista de História.com.br.
[Online] 11 de 8 de 2010.
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/chumbo-grosso.
4. Polícia Política. FGV CPDOC. [Online]
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-37/RadicalizacaoPolitica/PoliciaPolitica.
5. Carneiro1, Maria Luiza Tucci. OS ARQUIVOS DA POLÍCIA POLÍTICA
BRASILEIRA. Arquivo Público do Estado e Universidade de São Paulo. [Online]
http://www.usp.br/proin/download/artigo/artigo_arquivos_policia_politica.pdf.
6. YouTube. Wikipédia. [Online] [Citado em: 22 de 1 de 2015.]
http://pt.wikipedia.org/wiki/YouTube.
7. Significado de Selfie. Significados.com.br. [Online]
http://www.significados.com.br/selfie/.
8. Lhosa, Mario Vargas. Conversa no Catedral. [trad.] Paulina Wacht
Ari Roitman. s.l. : ALFAGUARA.
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