sábado, 8 de fevereiro de 2014

Credibilidade das PPP e o desgoverno

PPP ou PQP
A adoção da Democracia, considerar que o povo merece respeito e deve se governar, fugir da lógica dos privilégios de classes sociais definidas por Deus (era a teoria) ou elites mais fortes simplesmente é o desafio que enfrentamos. Acreditar que merecemos uma vida boa (Sandel, 2013) nessa existência terrena é para a imensa maioria dos seres humanos uma perspectiva realizável e justa.
O aprimoramento da vida depende da honestidade, seriedade, competência e determinação social e política.
A parcela da Humanidade mais preocupada com a qualidade, contratos justos e soluções gratificantes de grandes obras e serviços procura há muito tempo fórmulas que neutralizem os vícios dos seres humanos e potencializem suas virtudes.
Padrões de organização de empresas públicas e privadas foram criados e colocados como se fossem panaceias. O resultado, contudo, tem sido frustrante. Algo está faltando para que tudo se ajeite; algum parâmetro, uma dimensão operacionalizavel  está ausente nas equações de todos os figurinos. Ou simplesmente somos o que alguns pensadores descreveram [ (Ferry, 2006), (Nietzsche)].
O nosso povo exerceu ao extremo suas virtudes feiticeiras.
Desde a independência de Portugal os brasileiros puderam mostrar à exaustão suas qualidades e defeitos. Nossos livros de História e Sociologia trazem registros e explicações de cenários até assustadores (Gomes, 2013), ou seja, não somos melhores e talvez nem piores do que muitas nações orgulhosas de suas realizações, via de regra ufanistas e distantes da verdade.
As famosas crises cíclicas do mundo capitalista em geral foram provocadas pela desonestidade e golpes colossais sobre acionistas e o povo em geral. A vitalidade do capitalismo, contudo, foi a base da liberdade e do empreendedorismo, algo muito superior ao mundo anódico das economias totalitárias[1].
Sejam quais forem as bases de todos os desastres [ (Confira alguns dos principais escândalos financeiros já registrados no Brasil, 2010), (Museu dos escândalos, 2010), (Ferguson, 2010)] precisamos exercitar a crítica, a democracia, a vontade de vencer com galhardia e critérios de justiça aceitos pela maioria da popuolação.
Nesses últimos anos de FHC para cá o modismo foi a privatização. O que ganhamos com a alienação de grandes estatais e a perda do controle sobre riquezas naturais de nosso imenso Brasil?
Além da simples alienação total (doação, venda, desmonte etc.) das estatais existem outras soluções.
Parcerias com a Inciativa Privada podem ter a forma de PPP[2] (Parceria Público-Privada (PPP)), consórcios[3], empresas para fins específicos[4] (SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO - SPE) e até a simples associação via mercado acionário. O desafio é encontrar a melhor solução e sempre considerar a credibilidade dos parceiros, algo que se refletirá nas garantias exigidas mutuamente.
Qualquer associação entre o Poder Público e a iniciativa privada usando o dinheiro do contribuinte e responsável constitucional por diversos serviços e produtos essenciais além das clássicas estatais e autarquias (empresas sob controle total dos políticos) é um desafio que no Brasil começa com dúvidas colossais. Aqui tivemos casos radicais de estatais tremendamente mal geridas assim como delegações espantosas a grupos econômicos de direitos de exploração de serviços e de minerais, por exemplo (casos notórios escapam nas firulas do Poder Judiciário). A qualidade das concessionárias privatizadas diz tudo (Cascaes) e inúmeras concessionárias estatais desmontaram a fé na gerência política.
Entre esses dois extremos procuramos uma solução que não seja simplesmente uma PQP, uma parceria “Pega Que Pago – PQP”.
Na discussão sobre os projetos em andamento ficamos perplexos com as facilidades dadas a grupos econômicos que “compraram” estatais, ganharam concessões e facilidades. Ou vemos de forma muito errada o que acontece ou algo mais está voando por aí.
O pesadelo da corrupção tem inúmeros custos. Assustador para os idosos é sentir que suas fundações e até o INSS minguam por falta de recursos mal usados.
O atual governo federal ziguezagueou tremendamente.
Após pouco mais de três anos de governo federal ficamos sem saber o que essa coisa em Brasília pretende atingir. Qual é a linha conceitual, o plano, as metas dos grupos instalados em Brasília e acima de tudo sua base ética; é aquela propagada pelos novos inquilinos da Papuda? A única certeza é a de que a Copa do Mundo deverá acontecer com todo o apoio possível e quase impossível. Uma dedicação impressionante.
Em tempo, o levante de junho vai ficar nas reportagens intermináveis sobre os vândalos e Black Blocs? As tarifas do transporte coletivo urbano serão reajustadas com que critérios? Subsídios pagos pelos contribuintes sobre planilhas ? Como estão as planilhas técnicas em São Paulo e Rio de Janeiro? A revolta continua? Continuamos no escuro graças a critérios esotéricos[5]? Ainda acreditamos em dados obtidos por sistemas de bilhetagem padrão “caixa preta”? Quantos jornalistas, cinegrafistas, estudantes, operários e outros serão martirizados no altar da Pátria?
A administração das contas brasileiras fracassou. Saímos da euforia para a quase ruína (saímos?). Ações inacreditáveis aconteceram ao final de 2013 para que as contas fechassem. E agora José?
Estamos fragilizados e dependendo do sucesso de muita coisa. Com certeza projetos gigantescos serão instrumentos de alavancagem da Economia (e segurança), mas e as dívidas? Vão funcionar ou levarão anos para entrar em operação como aconteceu com as duas últimas máquinas de Itaipu?
Quem paga a conta da incompetência?
A pior situação é a perda de credibilidade. Um Governo desacreditado é suspeito de tudo. Mais ainda quando o tempo passa e os remendos marqueteiros deixam transparecer improvisações típicas dos Trapalhões, inimitáveis e positivos, pois eram nossos comediantes preferidos. A Tragicomédia brasileira obriga-nos a duvidar de tudo.

Cascaes
7.2.2014

Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Serviços Essenciais: http://servicos-essenciais.blogspot.com.br/
Confira alguns dos principais escândalos financeiros já registrados no Brasil. (10 de 11 de 2010). Fonte: O GLOBO: http://oglobo.globo.com/economia/confira-alguns-dos-principais-escandalos-financeiros-ja-registrados-no-brasil-2926839
Ferguson, C. (2010). Trabalho Interno. Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2012/01/trabalho-interno.html
Ferry, L. (2006). Aprender a Viver - Filosofia para os novos tempos. (V. L. Reis, Trad.) Rio de Janeiro: Objetiva.
Gamez, M. (30 de 04 de 2010). Museu dos escândalos. Fonte: Isto É Dinheiro: http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/21266_MUSEU+DOS+ESCANDALOS
Golding, W. (s.d.). O Senhor das Moscas - "Lord of Flies". Editora Nova Fronteira.
Gomes, L. (2013). 1889. Fonte: Livros e Filmes Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2013/11/1889.html
Nietzsche, F. (s.d.). Humano, Demasiado Humano (2 ed.). (A. C. Braga, Trad.) escala.
Parceria Público-Privada (PPP). (s.d.). Fonte: Portal Brasil: http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2012/04/parceria-publico-privada-ppp
Sandel, M. J. (2013). Justiça (12 ed.). (M. A. Heloísa Mathias, Trad.) Civilização Brasileira.
SOCIEDADE DE PROPÓSITO ESPECÍFICO - SPE. (s.d.). Fonte: Portal do Empreendedor: http://www.portaldoempreendedor.gov.br/legislacao/sociedade-de-proposito-especifico-spe




[1] Totalitarismo (ou regime totalitário) é um sistema político no qual o Estado, normalmente sob o controle de uma única pessoa, políticofacção ou classe, não reconhece limites à sua autoridade e se esforça para regulamentar todos os aspectos da vida pública e privada, sempre que possível. O totalitarismo é caracterizado pela coincidência do autoritarismo (onde os cidadãos comuns não têm participação significativa na tomada de decisão do Estado) e da ideologia (um esquema generalizado de valores promulgado por meios institucionais para orientar a maioria, senão todos os aspectos da vida pública e privada).
Os regimes ou movimentos totalitários mantêm o poder político através de uma propaganda abrangente divulgada através dos meios de comunicação controlados pelo Estado, um partido único que é muitas vezes marcado por culto de personalidade, o controle sobre a economia, a regulação e restrição da expressão, a vigilância em massa e o disseminado uso do terrorismo de Estado. Wikipédia

[2] A Parceria Público-Privada (PPP) é um contrato de prestação de obras ou serviços não inferior a R$ 20 milhões, com duração mínima de 5 e no máximo 35 anos, firmado entre empresa privada e o governo federal, estadual ou municipal. 
Difere ainda da lei de concessão comum pela forma de remuneração do parceiro privado. Na concessão comum, o pagamento é realizado com base nas tarifas cobradas dos usuários dos serviços concedidos. Já nas PPPs, o agente privado é remunerado exclusivamente pelo governo ou numa combinação de tarifas cobradas dos usuários dos serviços mais recursos públicos. Portal Brasil

[3] Consórcio é uma associação de dois ou mais indivíduosempresasorganizações ou governos (ou qualquer combinação destas entidades), com o objetivo de participar numa atividade comum ou de partilha de recursos para atingir um objetivo comum.Consórcio é uma palavra latina significando "parceria", associação ou sociedade, e deriva de Consors, "parceiro", formada porcon-"junto" e sores "destino", significando proprietário de meios ou companheiro.
Consórcio é um termo que comporta várias definições. Incluindo acordos de consórcio em que acionistas de empresas independentes concordam em entregar o controlo das suas ações em troca de certificados de consórcio que os autorizam a participar do lucro comum do dito consórcio. Os participantes de um consórcio são chamados "consorciados". Exemplos de consórcios são os W3CAirbus (quando foi criado, em 1970) e, em alguns aspectos, o Observatório Europeu do Sul (ESO). EmDireito administrativo um consórcio é uma organização de direito público entre uma ou mais entidades públicas, da administração pública, e um ou mais indivíduos ou organizações de Direito Privado. Um consórcio também pode ser a associação de pessoas físicas e/ou jurídicas num grupo, patrocinado por uma empresa administradora, com o fim de proporcionar aos seus membros a aquisição de bens por meio de autofinanciamento. Wikipédia

[4] Sociedades de Propósito Específico é um modelo de organização empresarial pelo qual se constitui uma nova empresa limitada ou sociedade anônima com um objetivo específico. A SPE é também chamada de Consórcio Societário devido às suas semelhanças com a tradicional forma de associação denominada Consórcio Contratual. Porém, apresenta características especiais que as tornam mais seguras e práticas nas relações entre as empresas. Uma das diferenças entre SPE e Consórcio Contratual é a questão da personalidade jurídica. Embora o Consórcio Contratual não tenha personalidade jurídica própria, ele é obrigado a se cadastrar no CNPJ. Isto, porém, não o torna passível de obrigações tributárias como, por exemplo, emitir uma nota fiscal para recolhimento de ICMS. A SPE, por sua vez, é uma sociedade com personalidade jurídica, escrituração contábil própria e demais características comuns às empresas limitadas ou Sociedades Anônimas. É também uma sociedade patrimonial que, ao contrário dos consórcios, pode adquirir bens móveis, imóveis e participações. As Sociedades de Propósito Específico foi criada em dezembro de 2008, com a Lei Complementar nº 128, que alterou o artigo 56 da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas - MPEs (LC nº 123/06), introduzindo a figura da Sociedade de Propósito Específico, constituída exclusivamente de microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional. Portal do Empreendedor
[5] Esoterismo é o nome genérico que designa um conjunto de tradições e interpretações filosóficas das doutrinas e religiões que buscam desvendar seu sentido supostamente oculto. Segundo alguns, o esoterismo é o termo para as doutrinas cujos princípios e conhecimentos não podem ou não devem ser "vulgarizados", sendo comunicados a um restrito número de discípulos escolhidos.
Um sentido popular do termo é de afirmação ou conhecimento enigmático e impenetrável.
Hoje em dia o termo é mais ligado ao misticismo, ou seja, à busca de supostas verdades e leis últimas que regem todo o universo, porém ligando ao mesmo tempo o natural com o sobrenatural. Há doutrinas, nomeadamente as espiritualistas, que são também chamadas esotéricas. Wikipédia

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