Dia de natal e esperando o ano
novo
As festas de Natal marcam uma
época em que os povos cristãos se transformam. Durante alguns dias todos se
lembram de que existem crianças e que devemos lhes dar presentes. ONGs e
comunidades religiosas se esmeram, a maioria delas depois simplesmente esquece
que essas garotinhas e garotinhos serão adultos, gente grande, precisando de
atenções tanto maiores quanto menores forem.
Expandindo os atos caridosos os
presentes podem abranger famílias que desesperadamente carecem de tudo o ano
inteiro.
O Brasil exporta milhões de
toneladas de alimentos para importar de tudo, inclusive inutilidades e
futilidades. O pesadelo social em que vivemos é fruto de uma lógica perversa
que nos domina desde tempos muito distantes. Aqui, nesses oito e meio milhões
de quilômetros quadrados, povos distantes chegaram antes, exercitando também a
violência mútua e as lutas pela sobrevivência.
No passado, quando a competência
da agroindústria e o desenvolvimento tecnológico eram desconhecidos, a luta
pelo pedaço de carne ou frutas e raízes era feroz, sem tréguas e limites
éticos. Isso ainda existe em comunidades primitivas, inclusive em nossas
florestas, reduto de povos que provavelmente encontraram aqui uma forma de
escapar de outros mais competentes na arte de matar.
Charles Darwin explicou isso tudo
muito bem, criando escola. Maravilhosamente podemos agora mudar comportamentos,
seremos capazes disso?
É triste observar a indiferença
de pessoas que poderiam mudar e fazer mais. Aliás, Michel Foucault falou muito
sobre tudo isso. Também escreveu e deve ter falado sobre a Arqueologia do
Poder, do ser humano.
Podemos fazer muito, é só querer.
Creches e escolas salvariam
milhões de brasileiros, as elites, aquelas que nos governam, preferem dar esmolas, presentes, rezas e
penitenciárias.
Conversando na véspera de Natal com
meu neto João Pedro ele contou com orgulho seus trabalhos sobre a não criminalização
de jovens abaixo dos 18 anos. Contraditando defendemos a eliminação dessa
barreira cabalística e novas leis, mais racionais e atentas à natureza humana.
Queríamos vigiar e punir?
A Educação, a saúde, a proteção
às crianças e aos jovens e aos quase adultos têm no Estatuto da Criança e do
Adolescente – ECA (LEI Nº
8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 - ECA) a proteção formal do
Governo e compromisso da população brasileira, a obrigação de lembrar
permanentemente que cuidar das crianças é também a solução para a maioria dos
problemas sociais que temos.
O ECA seria fantástico se a
estrutura criada a favor da criança e do adolescente fosse mais competente. O
que faz com que as instituições funcionem é muito mais a vontade, determinação
e capacidade de seus agentes do que a quantidade de funcionários.
Lamentavelmente acreditamos que estruturas gigantescas sejam necessárias...
Com certeza os agentes principais
são os eleitos e que governam nosso país, eles conhecem e amam seus eleitores
ou os patrocinadores de campanha?
Infelizmente, como acontece com
todas as leis dedicadas à vida dos brasileiros e das brasileiras, as pessoas em
geral realmente estão preocupadas exclusivamente com questões pessoais.
A violência de toda espécie cresce
no Brasil, voltamos inclusive aos tempos dos gladiadores. Não se matam com
espadas e porretes (ainda), mas ganham sequelas e causam lesões que, junto à
loucura da velocidade e mobilidade motorizada (principalmente) produzem a
próxima geração de pessoas com deficiência(s), reduzem a expectativa de vida
dos jovens adultos, principalmente, e entopem os cemitérios. Em tempo, dão
muito lucro a quem promove essas coisas. Felizmente agora os crematórios
diminuem a necessidade de tantas covas.
A violência camuflada de esporte
contribui para a alienação e perversão dos viciados em telinhas e nossos
futuros e ainda pequeninos e adolescentes cidadãos e cidadãs assim como excita
desportistas da cerveja e pipoca.
No cerne da violência, talvez
inerente ao ser humano, encontramos muitas causas.
O livro (A República dos Meninos - juventude, tráfico e virtude, 2013) apresenta um
trabalho de pesquisa de campo do autor extremamente interessante; suas conclusões
e ponderações (do Dr. em Sociologia, Diogo Lyra, que saiu de suas salas para
mergulhar em locais de recolhimento de menores infratores, algo raro no mundo
acadêmico) merecem leitura e análises minuciosas. Nessa obra justifica-se com
destaque constatar a influência da irresponsabilidade da mídia comercial,
sempre extremamente preocupada com a liberdade de imprensa, algo muito
diferente da exploração de taras e a submissão a grupos empresariais.
Nós (pessoalmente) temos
experiências que merecem registro e demonstram o que lemos. Quando existiu
participamos, por exemplo, do (Projeto Sol Nascente) onde gravamos
depoimentos de profissionais e lideranças que atuam na Vila Audi, uma área com
muitos habitantes em condições de risco social. Conhecemos a Comunidade OSSA (Cascaes, Conhecendo a Obra Social Santo Aníbal
(OSSA) , 2010) .
O que vimos e ouvimos era assustador, os efeitos da miséria sobre as crianças é
devastador. O pesadelo social tem muitos efeitos e propostas (Como reduzir a gravidez precoce e a criminalidade , 2009) . À época começávamos
a agir junto a pessoas extraordinárias do LCC Batel; que experiência!
Graças ao Lions Clube de Curitiba
Batel mergulhamos em ambientes muito diferentes àquele em que vivemos, eu e
alguns companheiros e companheiras. Nosso amigo e companheiro LIONS, Professor
Nílson Izaías Pegorini, foi o grande mestre.
Os projetos sociais desse
autêntico clube de serviços (Melo) , muitos documentados
em blogs, mostram por onde estivemos e ainda agimos e o que propomos [ (Ações ODM em
Curitiba e RMC) ,
(Escola de Música Lions - LCC Batel) , (PROJETO LIBERDADE EM AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA) , (Projeto Colombo) , (Projeto Zumbi - Mauá) etc.].
Não é necessário, contudo,
mergulhar em lugares distantes do centro da capital do Paraná. Quem tem olhos
pode ver pessoalmente. Curitiba atrai pessoas de toda espécie e nossas ruas são
um espelho do Brasil, talvez com mais luxos e requintes, mas testemunhos de
nossa história.
Felizmente agora dispomos de
recursos de comunicação independente; as fantásticas redes sociais e sistemas
que a Google e outras megaempresas criaram com extrema competência (blogues,
youtube, etc.) além dos equipamentos digitais de gravação de imagens, sons e
movimentos dão uma liberdade e potencial de expressão de nossas opiniões que
não imaginávamos possíveis em nossa existência. Os computadores fazem o resto.
No blog (Cascaes, TIinformando) criamos uma ponte
para todos os espaços que exploramos nesse mundo cibernético.
E o Natal?
Jesus Cristo deve ter sido uma
pessoa extraordinária, mas em sua época pouca esperança havia de resolver com
fraternidade e liberdade os problemas da Humanidade, uma coleção de seres
eventualmente racionais. A esperança era a vida após a morte e aqui existir de
forma a conquistar um lugar no Paraíso. De filósofos e pregadores a imperadores
o fundamental era usar os exércitos para disciplinar o povo radicalmente
ignorante e perigoso.
Para sobreviver o “homo sapiens
sapiens” vem das florestas e savanas com subprogramas em seu cérebro que eram
fundamentais à sua luta por espaços, comida e segurança. Talvez ainda sejam tão
importantes ou até mais do que nesses tempos imemoriais...
Nossas taras, atavismos,
convicções e nossos padrões de comportamento escondem logo abaixo da pele
impulsos primitivos facilmente perceptíveis entre torcidas organizadas a
militantes religiosos e políticos.
Mais ainda, em qualquer ambiente
secreto, discreto e público o zelo fanático pela propriedade privada, só para
exemplificar, demonstra o rigor dos cuidados que temos pelos ossos que gostamos
de roer.
Nossos padrões éticos e morais
servem para racionalizar desejos, medos e instintos.
O que precisamos entender é que
no século 21 da era cristã é possível pensar na saúde e felicidade geral dos
povos, se eles superarem culturas obsoletas e nocivas. Estranhamente
encontramos o culto às tradições; Eric Hobsbawm ilustra muito bem isso, Hannah
Arendt procura entender, teóricos políticos acreditam que sabem e sociólogos
fazem inúmeros estudos para gerar uma cultura em torno de nossos problemas dos
mais triviais aos mais complexos (Cascaes, Livros e Filmes Especiais) . Temos onde estudar
e aprender, é só querer. O que limita a participação consciente é a ignorância
voluntária, a alienação a que nos impomos crentes de que poderemos compensar
tudo o que fizermos em atos de caridade e penitência.
O importante é saber que a Terra
pode sustentar a vida em sua superfície, se quiser. Os desafios existem (Cascaes, Mirante da Sustentabilidade e Meio
Ambiente)
dentro e fora de nossas cabeças. Podemos, contudo, garantir uma sociedade
melhor se soubermos usar o que podemos aprender.
Ou seja, a esperança de evolução
da Humanidade depende acima de tudo do desenvolvimento de sua capacidade de
raciocinar e aproveitar informações que a Tecnologia já viabiliza em casa, no
bolso, nas pastas até de alunos e alunas infantis.
Todo final de ano temos a semana
da bondade e dos votos de sucesso, saúde, amor etc.
A Hipocrisia e os comerciantes
ganham espaços. Até sentimentos justos se revelam com força, potencializados
pelo clima natalino. O que estraga tudo é a escala de valores e prioridades,
desde as mais condenáveis, como, por exemplo, a empáfia e egolatria de
lideranças políticas e econômicas, até a simples luta pela sobrevivência.
Precisamos aprofundar estudos
sobre ética e moral, o século 21 exige isso, pois a sobrevivência de todos,
paradoxalmente, avança para situações de altíssimo risco. O que precisamos
entender é que acima de convicções ideológicas e religiosas convém lembrar que
na hora das tragédias seremos pessoas desesperadas, talvez lamentando a omissão
dos tempos de fartura e riqueza de oportunidades.
Feliz ano novo.
Cascaes
25.12.2013
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Projeto Colombo:
http://projeto-colombo.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Projeto Zumbi - Mauá:
http://zumbimaua.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Escola de Música Lions -
LCC Batel: http://escolademusicalccbatel.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Ações ODM em Curitiba e
RMC: http://odmcuritiba.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Livros e Filmes
Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Mirante da
Sustentabilidade e Meio Ambiente: http://mirantedefesacivil.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Projeto Sol Nascente:
http://projetosolnascentevilaaudi.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (3 de 2010). Conhecendo a Obra
Social Santo Aníbal (OSSA) . Fonte: Projeto Sol Nascente na Vila Audi:
http://projetosolnascentevilaaudi.blogspot.com.br/2010/03/conhecendo-obra-social-santo-anibal.html
Cascaes, J. C. (s.d.). PROJETO LIBERDADE EM AÇÃO –
VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA. Fonte: PROJETO LIBERDADE EM
AÇÃO – VILA LIBERDADE, ANA MARIA E NOVA ESPERANÇA:
http://projetoliberdadeemcolombo.blogspot.com.br/
Cascaes, J. C. (s.d.). TIinformando. Fonte:
TInformando - meus blogs: http://tinformando-meus-blogues.blogspot.com.br/
Deolindo, D. M. (12 de 2009). Como reduzir a
gravidez precoce e a criminalidade . Fonte: Projeto Sol Nascente na Vila
Audi: http://projetosolnascentevilaaudi.blogspot.com.br/2009/12/como-reduzir-gravidez-precoce-e.html
Hobsbawm, E. (1998). Era dos Extremos. (M. C.
Marcos Santarrita, Trad.) Companhia das Letras.
Hobsbawm, E. (2004). A Era das Revoluções
1789-1848. (M. P. Maria Tereza Lopes Teixeira, Trad.) Rio de Janeiro: Paz e
Terra.
Hobsbawm, E. (2007). A Era do Capital 1848 - 1875.
(L. C. Neto, Trad.) São Paulo: Paz e Terra.
Hobsbawm, E. (2007). Globalização, democracia e
terrorismo. (J. Viegas, Trad.) Companhia das Letras.
Hobsbawm, E. (s.d.). Como Mudar o Mundo. (D. M. Garschagen,
Trad.) Editora Schwarcz S.A.
Hobsbawm, E. (s.d.). Era dos Extremos - O breve
século XX 1914-1991. (M. Santarrita, Trad.) Companhia das Letras.
LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990 - ECA. (s.d.). Fonte: planalto.gov.br: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm
Lyra, D. (2013). A República dos Meninos -
juventude, tráfico e virtude. Mauad Editora Ltda.
Melo, C. E. (s.d.). Lions Clube Curitiba Batel.
Fonte: Distritos Múltiplos "L" - Brasil: http://www.lions.org.br/lionsbatel/
Nenhum comentário:
Postar um comentário