A pacificação do povo, a
corrupção e as manifestações no Brasil
Os acordos gradativamente
revelados e desdobramentos da Copa do Mundo são inaceitáveis, os culpados irão
para a cadeia? Os mensaleiros de todos os estados pagarão seus “erros”? a
corrupção no Brasil continuará viabilizando processos intermináveis? Festa para
os advogados...
Muita gente está com medo do povo
no Brasil.
Medo do povo é algo natural. Ao
longo da história da Humanidade a plebe [1]·,
qualificação romana [1] , sempre foi objeto
de cuidados especiais, merecendo até preceitos religiosos[2],
pois a origem dos medos contra o povo em geral vêm de longe [3].
A cautela compreendia muito mais [4] [2] . Em nosso país os
bandidos ultrapassaram as barreiras da prudência.
Escândalos criaram ministérios,
secretários e ministros, pode?
As lições de revolta foram
perdidas e até podemos acrescentar que no Brasil novelas e vinhos importados
somam-se a luxos que o supermercado internacional oferece para a classe média e
acima. Alimentos são exportados para garantir a farra dos comensais... Governantes
acreditaram que todos os “burgueses” aceitariam uma parte do butim (para não
haver dúvidas: 1. Conjunto de bens
tomados ao inimigo. = DESPOJO, ESPÓLIO, PRESA; 2. Produto de
roubo. = PILHAGEM – dicionário Priberam) silenciando.
Voltemos à história da
Humanidade.
A divisão das pessoas em classes sempre formou
uma separação odiosa (à medida que serve para exploração de gente indefesa),
funcional [2] ou cautelar[5],
mas muito conveniente a quem detinha o poder. A história das “cidades-estado” [2] , impérios e da
própria monarquia trazem exemplos que merecem análises.
Tudo acontece por efeito de
nossos instintos, índole e natureza [5] , algo que a
sedentarização e formação de comunidades imensas precisa dominar pela educação
e estímulo ao lado positivo de nossas personalidades.
A evolução da sociedade humana
depende da visão de injustiças e equívocos tradicionais. No século 21 a
sustentabilidade da Humanidade dependerá da utilização racional de espaços e
riquezas naturais, assim como da fraternidade universal. O ser humano chegou a
um ponto em que sua capacidade de destruição ultrapassa o poder de dissuasão
das forças institucionais. Qualquer um, medianamente instruído, poderá causar
tragédias. Assim, não é inteligente provocar e ofender uma juventude que se
prepara para ocupar o lugar dos mais velhos. É bom ouvi-la e com ela governar.
No quadro das humilhações para
quem, graças aos meios de comunicação alternativos, descobre e conhece,
governantes e corporações têm se mostrado venais, estimulando revoltas ainda
pacíficas, apesar do carimbo de medo e vandalismo que a mídia comercial impinge
aos manifestantes.
Merece uma análise especial os
privilégios das elites dominantes, nisso poderemos sentir o aprimoramento das
técnicas de constrangimento, eliminação da capacidade de reagir e de cooptação.
Os circos romanos [3] mostraram com
agudeza a compreensão dos patrícios [6]
em distrair o povo. Em Roma além das arenas os imperadores, conscientes de sua
fragilidade, criaram a guarda pretoriana [7].
O poder de minorias sobre grandes populações era, via de regra, justificado por
sacerdotes e imposto pela força de exércitos e cooptação (cargos honoríficos,
privilégios etc., nada muito diferente do que existe até hoje).
Qualquer inversão de forças
gerava a mesma distribuição com novas pessoas e as mesmas classes na pirâmide
social.
Monarquias e impérios exercitaram
inúmeras estratégias de dominação. A eficácia era viabilizada pela incapacidade
de estudar, aprender e até de sobreviver sem os favores de um poder central,
que em tempos de crise podia redistribuir alimentos ou inventar guerras. Nossos
ditadores de plantão sabem disso, assim a paz é sempre difícil entre os povos.
Um bom exemplo de cenários
complexos pode-se conhecer estudando a história francesa, riquíssima em
situações exemplares [6] .
Na França a reconstrução de Paris
com Haussmann [4] foi apenas um
capítulo dos cuidados que imperadores tiveram em garantir a sobrevivência de
seus luxos e vícios [5] . Já antes de
Versalhes os palácios fortalezas tinham esse objetivo e as cidades fortificadas
eram necessárias aos burgueses, clero e governantes.
Tudo isso sem falar do que
acontecia e ainda existe dentro de famílias, empresas, repartições públicas
etc.... O aprimoramento das relações humanas é um desafio permanente.
A organização das sociedades a
partir dos tempos mais remotos até recentemente foi o abuso do arbítrio e luxos
das cabeças coroadas ou simplesmente bem armadas. A parceria entre o poder
temporal[8]
da Igreja Católica e de governantes, como exemplo, e os poderes de império
gradualmente consolidados [6] criaram a lógica do
“tudo posso” na cabeça dos grandes chefes, algo que se propagou à Corte. As
arbitrariedades e atos de corrupção transformaram o mundo. Os excessos e as
humilhações formaram o caldo de onde as grandes revoluções trouxeram a
democracia moderna, ainda frágil diante das arbitrariedades de quem está de
plantão nos parlamentos, palácios, empresas e redondezas.
Paralelamente à posse de
equipamentos, comando de forças policiais e muitas formas de distração e
cooptação os detentores da força máxima neste e em outros mundos desenvolveram
a arte da propaganda[9],
da comunicação e informação de acordo com suas conveniências.
No Brasil estamos sob o império
de processos de propaganda extremamente eficazes graças aos sistemas de
comunicação televisivos, rádio e à mídia impressa. Nada mais natural se os abusos não tivessem
criados hábitos nocivos, modismos ridículos e viabilizado a dominação de grupos
lesivos ao povo.
O Programa Mais Médicos [11] é um exemplo
impressionante de improvisação marqueteira [12] e oportunista,
apesar de seus méritos. Algo parecido com o que se fez no Setor Elétrico [13] , essa produzida para
agradar a FIESP.
Felizmente novas propostas ganham
força. Ler, estudar e divulgar os ensinamentos de muitos e excelentes
sociólogos e filósofos modernos [7] , lembrar que Hannah
Arendt pretendia escrever sobre homens de ação quando morreu e que a dialética
negativa[10]
aparece com força no trabalho de Michel Foucault [7] leva-nos a exaltar
nosso povo manifestante, pois ele é que vive e sofre os efeitos de governos
alienados.
Os “intelectuais especializados” [15] em gente brasileira
ganham força nesse processo de conhecimento e luta pelo aprimoramento da vida
dos brasileiros.
Felizmente bons livros e filmes [8] , internet [9] apesar da
precariedade e custos no Brasil, youtube, blogues e redes sociais permitem um
padrão de acessibilidade à informação e cultura como nunca se imaginou
possível. Mais ainda, viabilizam ações que deixam a segurança maluca, mas, se
bem feitas, gerando fatos políticos a favor de mudanças que vão da Reforma
Fiscal à Política além do aprimoramento de nossas instituições. Assim, além da
mobilização instantânea, jovens e adultos podem ter acesso a tremendas
bibliotecas e notícias sem a filtragem da mídia comercial.
As muitas lutas ensinam; os mais
velhos sabem como é possível fazer muito quando se está disposto a, na lógica
da parrhesia [10] , aceitamos agir:
“que, quando diz a verdade, se expõe a risco; a sua coragem que se
mostra em sua ação de dizer a verdade. Além do mais, a enunciação da verdade é
sempre a enunciação de uma crítica que parte da base e visa um poder (página 60
do livro citado [10] de Frédéric Gros)”.
Passamos em 2013 por diversos
padrões de manifestações. O governo balançou, nossos representantes se
assustaram e a reação veio com muita competência desviacionista. Marqueteiros
de plantão criaram a dinâmica da inibição e mudança de foco dos protestos.
Sistemas de policiamento monumentais fizeram o resto.
Em 7 de setembro as capitais
brasileiras viraram teatros de guerra explícita [17] .
Dezenas de milhares de policiais
fardados mais, sabe-se lá quantos em trajes civis, atuaram na repressão e
disciplinamento das multidões. Antes,
durante e depois do Dia da Pátria os governantes cumpriram ordens de seus
patrocinadores e em defesa da própria pele.
Agora vem o trabalho de mudança
de foco, confundindo patriotas com vândalos e criminosos comuns, imaginem às
ordens de quem...
Está na hora dos manifestantes
criarem lideranças, ou pelo menos mostrarem quem fale por eles. O dilema é
quanto é possível dizer e mostrar de insatisfação e propostas. O peito aberto
pode levar tiros...
Também não é algo muito saudável (eticamente)
para quem supera e faz carreira política. Os estudantes da década de sessenta
tiveram muitos líderes famosos que se deixaram envolver por esquemas de
financiamento de campanha e outras coisas mais. O poder corrompe. Apesar de
tudo podemos agora imaginar uma nova e melhor geração de lideranças, mais
saudáveis e coerentes. Dentro de processos de máxima transparência, possíveis
graças à tecnologia pode-se criar inibições a futuros políticos. A internet
está sendo demonizada após as denúncias de monitoramento feito pelo EUA. A
espionagem sempre existiu a partir de qualquer governante, sempre apoiado por
informantes (uma boa leitura: O Cemitério de Praga [18] e O Diabo na Água
Benta [19] ). De arapongas e
informantes locais a sistemas sofisticados de vigilância e roubo de informações
existe um universo de opções enorme.
No mundo moderno a defesa
intransigente da privacidade é a esperança da mídia comercial. É uma utopia
numa sociedade onde até para entrar em prédios medianamente protegidos tiram
fotografias e anotam dados de documentos. Privacidade???
Somos brasileiros, criemos aqui
um padrão de cidadania e civismo, algo que Aristóteles pensou (episteme[11])
e que os brasileiros necessitam urgentemente, ou seja, foco em seu ambiente.
Para azar do governo de plantão
as crises econômicas não pararam, bandidos internacionais desmontaram o paraíso
consumista [20] . O povo vai sentir a
conspiração das crises do tomate e do feijão carioquinha [21] . As esperanças de
sucesso são frustradas por erros técnicos primários tanto na esfera do Banco
Central, BNDES quanto na área energética, saúde, segurança etc..
O Brasil terá uma reversão de
expectativas?
Nunca precisamos tanto quanto
agora de bons governantes, de competência. A esperança é a de que nossa
Presidenta, que não é burra, tenha sentido na alma os efeitos de seus
equívocos, principalmente da claque dos bajuladores, corruptos e corruptores em
volta dela.
Quem se desmoraliza é acima de
tudo aquele que ocupa o cargo maior. Se embaixo dele gente até mais forte
comete desatinos, ao povo o que importa é a marca fantasia, o nome e a pessoa
física coroada.
Ninguém é perfeito, incapaz de
errar. O que, contudo, incomoda, e muito, é a permanência em posturas e
decisões erradas quando elas nos afetam.
Aposentados, trabalhadores, gente
carente de tudo, todos precisamos de bons governos. Empreendedores devem estar
exaustos com leis e decretos absurdos.
Será que as manifestações e o
sacrifício de muitos jovens e até de policiais valeu a pena?
Temos certeza que sim. O esforço
da mídia engajada de mudar os rumos do clamor da multidão deve estar pesando na
balança das decisões. Se nada funcionar, pelo menos as denúncias de carteis e
de espionagens provavelmente levarão políticos e empresários a repensar seus
padrões de comportamento, assim como nossas centrais sindicais e “movimentos
sociais” devem estar refazendo estratégias de comando. Nunca tantos líderes no
Brasil se sentiram tão vazios e longe de seus liderados quanto nesses tempos a
partir de junho de 2013.
A ilusão das propagandas diretas
e indiretas e processos de cooptação da mídia e partidos políticos devem ter
desabado estrondosamente no Estádio Mané Garrincha em junho deste ano. Pouco
valeu o esforço de encantar o povo que não repetiu a dose em 7 de Setembro por
diversas razões, entre elas o prazer de ver o desfile e a preocupação de sofrer
represálias diante do esquema policial/militar preparado para criar o cenário
das ilusões que agora jornais e noticiários usam para dizer que tudo está bem no
país das fantasias.
Esperamos que antes de gastar
mais fortunas com a mídia comercial os prefeitos, governadores e a Presidência
da República entendam que as calúnias se enfrentam com a aplicação das leis e a
revolta popular só deseja uma coisa, a solução de problemas gravíssimos que
destorem esperanças dos brasileiros de viver num país decente, justo e eficaz.
Conotações ideológicas que
pretenderam dar às manifestações desabaram com o desprezo aos partidos,
movimentos sociais e centrais sindicais dominados por legendas partidárias.
Os brasileiros só querem que o
dinheiro do contribuinte sirva para algo mais do que satisfazer os corruptores,
especuladores e agiotas.
Cascaes
9.9.2013
[1]
|
“Plebe,” Wikipédia, [Online]. Available:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Plebe.
|
[2]
|
E. Santiago,
“Política do Pão e Circo,” Terra, [Online]. Available:
http://www.infoescola.com/historia/politica-do-pao-e-circo/.
|
[3]
|
F. F. G. R. Vargas, “Egito
Antigo,” monografias - BrasilEscola, [Online]. Available:
http://monografias.brasilescola.com/historia/egito-antigo.htm.
|
[4]
|
“Cidade-Estado,”
Wikipédia, [Online]. Available: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade-Estado.
|
[5]
|
F. Nietzsche, Humano,
Demasiado Humano, 2 ed., escala.
|
[6]
|
“Circo Romano,”
Wikipédia, [Online]. Available: http://pt.wikipedia.org/wiki/Circo_romano.
|
[7]
|
J. C. Cascaes. [Online]. Available:
http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/.
|
[8]
|
“Haussmann's renovation of Paris,” Wikipédia, [Online].
Available: http://en.wikipedia.org/wiki/Haussmann's_renovation_of_Paris.
|
[9]
|
X. Lefebvre, A. Zenou
e C. d. Boutiny, “Paris - La Ville remonter le Temps,” Livros e Filmes
Especiais, [Online]. Available:
http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com/2013/06/paris-la-ville-remonter-le-temps.html.
|
[10]
|
E. R. d. Oliveira, “A
idéia de império e a fundação da monarquia constitucional no Brasil
(Portugal-Brasil, 1772-1824),” SciELO, [Online]. Available:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s1413-77042005000100003&script=sci_arttext.
|
[11]
|
“Programa Mais
Médicos,” [Online]. Available:
http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/area/417/mais-medicos.html.
|
[12]
|
D. Varella, “DEMAGOGIA
ELEITOREIRA.,” Folha de São Paulo, 7 9 2013. [Online]. Available:
http://www1.folha.uol.com.br/colunas/drauziovarella/2013/09/1337995-demagogia-eleitoreira.shtml.
|
[13]
|
“MP 579 - MEDIDA
PROVISÓRIA Nº 579, DE 11 DE SETEMBRO DE 2012.,” [Online]. Available:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/mpv/579.htm.
|
[14]
|
L. C. Hilário e E. L.
Cunha, “Michel Foucault e a Escola de Frankfurt: reflexões a partir da obra
crítica do poder, de Axel Honneth,” SciELO, [Online]. Available:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-31732012000300009&script=sci_arttext.
|
[15]
|
F. G. [org.],
“Foucault - a coragem da verdade,” Livros e Filmes Especiais, [Online]. Available:
http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com/2013/09/foucault-coragem-da-verdade.html.
|
[16]
|
J. C. Cascaes. [Online]. Available:
http://servicos-essenciais.blogspot.com.br/.
|
[17]
|
J. C. Cascaes,
“Civismo e Cidadania,” Civismo e Cidadania, [Online]. Available:
http://civismo-e-cidadania.blogspot.com/.
|
[18]
|
U. Eco, “O Cemitério
de Praga,” Livros e Filmes Especiais, [Online]. Available:
http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com/2013/02/o-cemiterio-de-praga.html.
|
[19]
|
R. Darnton, “O Diabo
na Água Benta,” [Online]. Available:
http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2013/03/o-diabo-na-agua-benta.html.
|
[20]
|
C. Ferguson,
“Trabalho Interno,” [Online]. Available:
http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/2012/01/trabalho-interno.html.
|
[21]
|
“Farsa: Focus
manipula inflação e BC puxa juro,” Independência Sul Americana, [Online]. Available:
http://independenciasulamericana.com.br/2013/07/farsa-focus-manipula-inflacao-e-bc-puxa-juro/.
|
[1] Na Roma Antiga havia,
além dos patrícios e clientes,
a plebe (do latim plebem, multidão), que formava um mundo à
parte. Os plebeus habitavam o solo romano, sem integrar a cidade. Como
acentua Bouché-Leclercq "eles
tinham o domicílio, mas, não a pátria".
Eram homens livres, podiam possuir terras, pagavam impostos e
prestavam serviços militares. A diferença entre patrícios e plebeus era marcada
por barreiras de tabus extremamente exclusivas. A princípio, os plebeus não
possuÍam direitos políticos nem civis. (Wikipédia)
[2] Os
intocáveis na sociedade hindu são aqueles que trabalham com trabalhos considerados
indignos, sujos, lidando com os mortos (animais ou pessoas), com o lixo, ou
outros empregos que requerem constante contato com aquilo que o resto da
sociedade indiana considera abjeto e desagradável. São considerados individualmente
imundos, impuros, e portanto não podem ter contato físico com os 'puros',
vivendo separados do resto das pessoas. Ninguém pode interferir na sua vida
social, pois os intocáveis são considerados menos que humanos e não são
considerados parte do sistema de castas. Embora tenha sido
abolido pela constituição, observa-se, na prática, que muitas comunidades
continuam ligadas aos empregos que lhes eram destinados tradicionalmente,
casam-se entre si e sofrem a discriminação da sociedade circundante, o que pode
ser visto como resquício da sociedade de castas.
Umas das principais restrições enfrentadas por Dalits
ao longo de toda a história consta a de não poderem rezar ou adentrar os
templos. Isso é objeto de crítica desde a Índia medieval por parte de grandes
reformadores sociais e poetas como Kabir. Nenhum intocável pode entrar no
templo, pois iriam poluí-lo. (Wikipédia)
[3] A
plebe, cuja origem é muito obscura, possivelmente se constituía dos vencidos
que ficavam sobre a proteção do Estado, dos clientes que
se extinguiram, e dos estrangeiros (Peregrinus)
aos quais o Estado protegia. Os plebeus eram homens e mulheres livres que
praticavam o comércio, faziam artesanato e
trabalhos agrícolas. Compunham a maioria da população, mas, durante
a Monarquia, não eram considerados cidadãos. (Wikipédia)
[4] A política do
Pão e circo (panem et circenses, no original em Latim) como
ficou conhecida,
era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral, para
mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. Esta frase tem
origem na Sátira X do humorista e poeta romano Juvenal (vivo por volta do ano
100 d.C.) e no seu contexto original, criticava a falta de informação do povo
romano, que não tinha qualquer interesse em assuntos políticos, e só se
preocupava com o alimento e o divertimento.
[5]Hilotas. Eram os servos, que pertencendo ao estado
espartano, trabalhavam nos kleros(lotes de terra), entregando
metade das colheitas ao Espartano e eram duramente explorados. Deviam cultivar
essa terra a vida inteira e não podiam ser expulsos de seu lugar. Levavam uma
vida muito dura, sujeita a humilhações constantes. Foram protagonistas de
várias revoltas contra o estado espartano. Para controlar as revoltas e manter
os hilotas sob clima de terror, os espartanos organizavam expedições anuais de
extermínio (krypteia ou criptias),
onde os hilotas eram obrigados a participar. Tratava-se de um massacre anual
que consistia na perseguição e morte dos hilotas considerados perigosos, no
qual os espartanos competiam para ver quem matava mais hilotas.
Analisando a situação dos espartanos, periecos e
hilotas, alguns historiadores afirmam que os periecos, por dominar o comércio e
o artesanato, podiam enriquecer, desfrutando de certo conforto material e
liberdade. Os esparciatas, por sua vez, cumpriam obrigações tão pesadas em
relação ao Estado que se tornaram vítimas de suas próprias instituições. Quanto
aos hilotas, sua vida era marcada pela opressão e miséria. (Wikipédia).
[6] Os patrícios,
do grego patriótes (patrício) que deu origem a patriota1 ,
eram cidadãos de República Romana que constituíam a aristocracia romana,
a sua nobreza. Detinham vários privilégios governamentais, dentre eles, a
isenção de tributos,
a exclusiva possibilidade de se tornarem soberanos de Roma e também a de seremsenadores.
Desempenhavam altas funções públicas, no exército,
na religião, na justiça ou
na administração. Eram grandes proprietários de terra e credores dosplebeus. Os
patrícios, descendentes das famílias mais antigas de Roma,
ou seja, também dos chefes tribais da região do período pré-romano, foram,
durante o Reino de Roma, a República Romana e o Império
Romano, os donos das maiores e melhores terras, anfitriões das mais
luxuosas festas e dominavam a cena política. (wikipedia)
[7] Foi
criada por Otaviano,
após a conquista do Egito e seu retorno a Roma, onde recebeu do senado o
título de princeps, ficando seu governo conhecido como principado (30 a.C.- 14 d.C.). Como princeps,
isto é, o primeiro cidadão da repúblicae líder do senado; como imperador assumiu
o comando supremo do exército e criou a guarda pretoriana, encarregada de sua
proteção pessoal; como tribuno
da plebe possuía o poder de veto sobre decisões do senado; como pontifex
maximus, controlava a religião romana. A partir de Augusto, todos os
imperadores tiveram uma guarda pretoriana, de tamanho variável. Tibério foi
o construtor de uma fortificação que serviu de base para a guarda pretoriana e,
por isso, foi adotado o escorpião (signo zodiacal de Tibério) como símbolo da
guarda. (Wikipédia)
[8] Designa-se
por poder temporal a influência de poder, tanto de
governação como político, que exerce o Vaticano sobre
as pessoas, em especial o poder do Vigário de Cristo - o Papa - em
contraste com o seu poder espiritual sobre a Igreja
Católica e outros grupos, também chamado de poder eterno. (Wikipédia)
[9] O
termo "propaganda" tem a sua origem no gerúndio do verbo latim propagare,
equivalente ao português propagar,
significando o ato de difundir algo, originalmente referindo-se à prática
agrícola de plantio usada
para propagar plantas como
a vinha.4 O
uso da palavra "propaganda" no sentido actual é uma cunhagem inglesa
doséculo
XVIII, nascida da abreviação de Congregatio de Propaganda
Fide de cardeais estabelecida em 1622 pelo Papa Gregório XV para supervisionar a
propagação da fé cristã nas missões estrangeiras. Originalmente o termo
não era pejorativo, e o seu sentido político actual remonta à I
Guerra Mundial. (Wikipédia)
[10] Estudiosos
como os frankfurtianos questionam um sistema que nega (no exato momento que o
afirma ideologicamente) ao homem o direito à própria vida: biológica, social,
intelectual, política, econômica etc. Conscientes do poder mistificador da
ideologia, eles se revelam melancólicos na busca por um mundo melhor e mais
justo, criticando, inclusive, a indústria cultural que é usada para manipulação
das massas e para matar, na raiz, as legítimas manifestações culturais dos
seres sociais. A melancolia decorre do poder de alienação do sistema que
anestesia as consciências reificando o ser humano que se torna uma peça sem
importância na engrenagem da máquina devoradora descrita por Kafka (A Colônia
Penal-1919).
Superar a alienação significa acordar para a realidade
em volta, compreendendo que toda realidade é fruto de uma realidade anterior
que lhe deu causa, compreender que há um processo histórico na formulação de
todas as realidades, de todas as políticas, de todas as atividades humanas.
Discutir o processo, negar suas premissas para buscar a verdade legítima é a
tarefa a que se propõe a "dialética negativa" em oposição à Teoria
Positivista que confirma e legitima o sistema através da ideologia. (Wikipédia)
[11] Episteme (ie
ἐπιστήμη) é o conjunto de ensinamentos de Aristóteles e Thales
de Mileto, no século XII, que pode vincular um determinado momento, as
práticas discursivas que dão origem a certas figuras epistemológicas. A
episteme não é um conhecimento, nem uma forma de racionalidade, nem tem como
objetivo construir um sistema de postulados e axiomas, mas pretende viajar um
campo ilimitado de relações, o retorno, continuidades e descontinuidades. A
episteme não é uma criação humana, é sim o "lugar" onde o homem é
instalado em um local em que conhece e age de acordo com as regras estruturais
da episteme (inconsciente). As ciências humanas são parte da episteme moderna,
que marca o limiar da nossa modernidade. A episteme moderna elaborou o perfil do
homem que "faz a sua história" porque é o episteme que torna um homem
assim. (Wikipédia)
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